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TREINE SEU PALADAR

14 de novembro de 2025

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TREINE O SEU PALADAR 
mesmo depois de adulto

Resumo da matéria

 🌟 É possível treinar o paladar para apreciar alimentos mais saudáveis 
através da adaptação constante das papilas gustativas.

🌟 Fatores genéticos, emocionais e culturais influenciam o gosto, mas 
a repetição pode tornar sabores inicialmente desagradáveis em prazerosos.

🌟 Estratégias incluem reduzir gradualmente açúcar e sal, usar temperos 
naturais e praticar atenção plena para valorizar sabores sutis.

ESTRATÉGIAS PARA TREINAR O PALADAR

Reduzir açúcar, sal ou gordura não é tarefa simples, mas pequenas 
mudanças graduais podem trazer grandes resultados. "Uma das estratégias 
mais básicas é simplesmente diminuir aos poucos. Comece retirando 
cerca de 50% do açúcar de adição, por exemplo, e vá reduzindo 
gradualmente", orienta Thaís Barca.

Além da redução progressiva, outros recursos podem ajudar:

🌟Apostar em temperos naturais: ervas, especiarias, alho, cebola, limão, que 
realçam o sabor sem exigir tanto sal;
🌟Variar o modo de preparo: alimentos ganham sabores diferentes dependendo 
da técnica culinária;
🌟Criar rituais prazerosos: pode transformar a relação com a comida. 
🌟Trocar sobremesas por frutas bem preparadas ou adaptar receitas familiares 
para versões mais leves permite manter tradições sem abrir mão da saúde;
🌟Praticar atenção plena ao comer: ajuda a valorizar cores, aromas e apresentação. 
"A gente come com os olhos primeiro... essa salivação inicial já ajuda o cérebro 
a perceber o alimento como mais saboroso", destaca Barca;
🌟Cuidar melhor do olfato: "Quando reduzimos aditivos (sal, açúcar, gordura), 
o olfato passa a ter papel ainda mais central, ajudando a perceber aromas sutis 
de frutas, verduras, especiarias e preparações naturais. É por isso que resfriados 
ou obstruções nasais fazem os alimentos parecerem 'sem gosto' e merecem 
ser tratados", reforça Matsuyama.

INFLUÊNCIA DA GENÉTICA E DA ADAPTAÇÃO

As papilas gustativas, localizadas na língua, abrigam células sensoriais 
que permitem identificar os cinco sabores básicos: doce, salgado, azedo,
amargo e umami. Este último pode ser descrito como "saboroso" ou 
"delicioso" e está presente em alimentos ricos em aminoácidos, como 
carnes, queijos curados, tomates e cogumelos.

"Elas (as papilas) se renovam a cada 10 a 14 dias, permitindo que o paladar 
se ajuste ao longo da vida", afirma o otorrinolaringologista Cícero Matsuyama, 
do Hospital Cema, em São Paulo. Em outras palavras, isso significa que 
há sempre espaço para adaptação —mesmo que em ritmos diferentes para 
cada pessoa.

O gosto por determinados sabores não se resume a uma simples escolha 
pessoal, mas já nasce, em parte, conosco. A nutricionista funcional e 
esportiva Thaís Barca, da Clínica CliNutri (SP), explica que existe uma 
influência genética no paladar.
"Cada pessoa já vem ao mundo com maior ou menor predisposição 
para certas percepções, como sentir o amargor de forma mais intensa."

Apesar disso, o paladar é altamente moldável. A repetição desempenha 
papel central nesse processo: o que inicialmente parece desagradável 
pode se tornar prazeroso. O café é um exemplo clássico.

"Para muitos, o primeiro gole é amargo demais, mas, ao insistir no consumo, 
o cérebro se acostuma ao sabor. Com a exposição contínua, chega 
até a soar estranho quando se adiciona açúcar", diz a nutricionista. 
Esse fenômeno é chamado de sensibilização do paladar - a adaptação 
progressiva a gostos ou texturas antes rejeitados.

PAPEL DO CÉREBRO E DA NEUROPLASTICIDADE

Treinar o paladar, porém, vai muito além da boca: envolve também o cérebro. 
O neurologista Daniel Abreu, do Hospital São Rafael, da Rede D'Or, em 
Salvador, comenta: "Quando reduzimos o consumo de alimentos muito 
açucarados, gordurosos ou salgados, o cérebro passa por um processo 
de recalibração, e os sabores mais sutis começam a ser percebidos com 
maior intensidade e prazer".

Esse ajuste está ligado à neuroplasticidade — a capacidade de adaptação 
do cérebro. "Com o tempo, ele pode formar novas conexões que associam 
prazer a alimentos mais saudáveis, enquanto as antigas, ligadas a 
ultraprocessados, perdem força", informa Abreu. O médico lembra ainda 
que fatores como genética, microbiota intestinal, histórico com a comida 
e até a qualidade do sono influenciam esse processo.

"O ato de comer também está totalmente ligado a fatores emocionais e 
culturais, além do hábito", destaca Thaís Barca. Desde cedo, aprendemos 
a associar certos alimentos a prazer/recompensa e conforto - como o 
sorvete após tomar uma vacina ou a macarronada da avó aos domingos. 
Essas conexões, embora dificultem a substituição de alguns alimentos, 
também mostram que é possível ressignificar o prazer… 

NEM SEMPRE A MUDANÇA É FACIL

Segundo Matsuyama, algumas condições podem dificultar, retardar ou adiar 
a mudança, como envelhecimento, alterações hormonais (caso da gravidez), 
doenças como diabetes, insuficiência renal ou câncer de cabeça e pescoço 
em tratamento com químio ou radioterapia.

O uso de medicamentos (como antibióticos, antidepressivos e anti-hipertensivos) 
também pode interferir, assim como hábitos nocivos, como fumar ou exagerar 
no álcool.

Outro desafio está na natureza dos ultraprocessados, projetados para 
hiperestimular o sistema de recompensa do cérebro, liberando grandes doses 
de dopamina, o neurotransmissor do prazer e da motivação. 
"Essa resposta exagerada é semelhante, em alguns aspectos, à observada
em vícios comportamentais", observa Abreu. Daí a importância da constância: 
quanto mais o cérebro aprende a associar prazer a alimentos naturais, mais 
fácil se torna manter hábitos saudáveis.

Outro ponto fundamental é a repetição. 
"Em cerca de três a seis semanas de exposição contínua a um sabor, já é possível 
notar mudanças significativas na percepção do gosto", informa Barca. Em média, 
em apenas um mês, alimentos que antes pareciam sem graça passam a ser 
percebidos como mais saborosos.

No fim das contas, treinar o paladar é menos sobre abrir mão do prazer e mais 
sobre redescobri-lo em novas formas. O processo exige paciência, constância 
e curiosidade, mas mostra que o cérebro e as papilas gustativas têm grande 
capacidade de adaptação. Com pequenas mudanças, é possível não apenas 
acostumar-se a sabores mais naturais, como também aprender a apreciá-los de 
verdade - transformando a alimentação saudável em uma escolha prazerosa 
e duradoura.


fonte: VIVABEMuol
imagem: paladarrnatural 

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